Desde o Projeto 365 Canções (2010), o desafio é ser e estar à escuta dos cancionistas do Brasil, suas vocoperformances; e mergulhar nas experiências poéticas de seus sujeitos cancionais sirênicos.
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04 agosto 2024
Introdução à poesia oral
"Além de um saber-fazer e de um saber-dizer, a performance manifesta um saber-ser no tempo e espaço. O que quer que, por meios linguísticos, o texto dito ou cantado evoque, a performance lhe impõe um referente global que é da ordem do corpo. É pelo corpo que nós somos tempo e lugar: a voz o proclama, emanação do nosso ser. (...) tudo se colore na língua, nada mais nela é neutro, as palavras escorrem, carregadas de intenções, de odores, elas cheiram ao homem e à terra (ou aquilo com que o homem os representa). A poesia não mais se liga às categorias do fazer, mas às do processo: o objeto a ser fabricado não basta mais, trata-se de suscitar um sujeito outro, externo, observando e julgando aquele que age aqui e agora. É por isso que a performance é também instância de simbolização: de integração de nossa relatividade corporal na harmonia cósmica significada pela voz; de integração da multiplicidade das trocas semânticas na unicidade de uma presença". Bastaria Paul Zumthor ter feito essa anotação e toda a sua teorização se desdobraria. Mas ele fez muitas outras, tão luminosas quanto. INTRODUÇÃO À POESIA ORAL é livro de cabeceira de quem pensa a performance enquanto produção de presença, recusa à privatização da linguagem, elaboração coletiva de pertencimento, compreensão da ontologia da voz.
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