A segunda edição do livro FORÇAS E FORMAS aspectos da poesia brasileira contemporânea (dos anos 70 aos 90) era bastante aguardada. (Minha cópia mimeografada da primeira edição está em frangalhos). "Trata-se de um livro que quer mapear a produção poética de um determinado período", escreve o autor. Quem acompanha o trabalho de Wilberth Salgueiro, seja nas incontornáveis colunas em que lê poesia no jornal Rascunho, seja na sua produção poética, perspicazmente metaliterária, sabe que o livro apresenta bem mais, ou, melhor, aprofunda-se no objetivo e analise poemas. FORÇAS E FORMAS lê (e isso é cada dia mais raro, note-se) poemas e poéticas diversos e apresenta uma tese para a defesa da complementariedade desses poemas e poéticas. Se agora, no Brasil de 2023, estamos tão atentos aos temas e à voz de quem fala por trás da voz do poema, Wilberth vai na fonte em que isso parece emergir, as décadas de 1970, 1980 e 1990, quando poetas começaram a fazer do próprio corpo o suporte prioritário da poesia, décadas em que, por motivações sócio-político-econômicas, a poesia (e texto é contexto) se fragmenta para tentar dar conta de tudo e todas as vozes. Eis, talvez, a principal importância do livro de Wilberth: apresentar esse nó entre representatividade e representação, ética e estética, força e forma no momento exato em que esse nó começou a apertar. A riqueza das fontes, a diversidade de poemas lidos e a coloquialidade da linguagem do livro FORÇAS E FORMAS são inspiradoras.
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