Desde o Projeto 365 Canções (2010), o desafio é ser e estar à escuta dos cancionistas do Brasil, suas vocoperformances; e mergulhar nas experiências poéticas de seus sujeitos cancionais sirênicos.
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31 março 2024
Como e por que ler a poesia brasileira do século XX
Ítalo Moriconi é dos críticos que mais experimenta compreender a poesia feita a partir dos anos 1970. Sua contribuição crítica é referência incontornável para pesquisadores e professores. No livro COMO E POR QUE LER A POESIA BRASILEIRA DO SÉCULO XX, Ítalo apresenta pelo menos seis linhas de força, todas girando em torno da ideia de que esse foi um "século modernista", a saber: a superação oswaldiana da cultura bacharelesca; a fragmentação (ou polifonia, ou multifacetada) drummondiana do eu; a quebra da hierarquia na constituição do cânone literário; o flerte tropicalista entre poesia e cultura pop; as vanguardas cabralina e concretista; e o fim dos fins das utopias. Nesse percurso, ora sobreposto, ora justaposto, Ítalo destaca quais são os poemas e os poetas essenciais. O livro apresenta, assim, excelentes leituras dos poemas selecionados, como por exemplo o "Poema de sete faces", de Carlos Drummond de Andrade, em que Ítalo vai fundo de modo didático e preciso (professor que é) no jogo entre forma e conteúdo, observando que o poeta faz "tudo para colocar o eu no palco. Este eu nada tem de excepcional, é um eu comum. Trata-se então da intimidade do homem comum. Não é o eu especial de um Poeta em maiúscula, com a grandiloquência de certo mau romantismo kitsch. É o mesmo eu corriqueiro de Bandeira, mas Drummond o trabalha noutras direções, complexificando-o, mostrando suas torções e contradições internas". É essa presença do corpo na vida, no corriqueiro, no cotidiano da cidade grande o que mais se evidencia na seleção e nas análises de Ítalo Moriconi, resultando num panorama eficaz e potente da poesia do século XX.
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