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11 fevereiro 2024

Novos e baianos


No livro NOVOS E BAIANOS, Luiz Galvão escreve no limite entre autobiografia, ensaio, memórias, crônica, romance de formação pessoal e romance geracional. Os anos 1970 são apresentados enquanto época híbrida, experimental, desbundada, no que se refere a uma juventude que queria mudar tanto os costumes, a partir da revisão crítica da sonoridade brasileira. "Estou começando a gostar dessa forma integrada de escrever unindo em um texto o passado vivido ao presente acontecendo, e até ao futuro por vir", escreve Galvão, inscrevendo o tom autorreflexivo da própria narrativa da sua/nossa história. Galvão aborda o passo adiante dado pelo coletivo/comunidade Novos Baianos nas propostas éticas e estéticas herdadas do tropicalismo. Há registros de momentos curiosos e engraçados, difíceis e inspiradores para se entender o período, bem como a linha evolutiva da canção popular. Por exemplo, os bastidores do filme "Farol da Barra", que segue "aquela forma de tríplices historinhas independentes", dirigido por Luiz Galvão, a fim de levantar recursos para o lançamento do disco "Farol da Barra" (1978): "O enredo nos leva ao paraíso onde Adão dorme, enquanto Eva irrequieta, dá com os olhos no personagem da Serpente, vivido por Gato Félix. Com o rabo enrolado num coqueiro, a serpente flerta com Eva, atira-lhe três bananas-maçã, e ela come duas e acorda o companheiro Adão, dando a outra para ele, que após come-la se assusta um pouco, mas logo entra numa onda de sensualidade e beija Eva. Mesmo sendo um beijo de cinema, eles fizeram dessa cena a mais bela, pelo misto de lírico e sensual, quando eles rolaram pela grama em acentuado declive, que facilitou a plástica e a fotografia. A Serpente, depois de cumprir seu papel, se transforma no Anjo Expulsador, que traz uma espada de fogo e persegue a dupla que teoricamente dava vazão ao sexo no planeta". Por essas e outras anotações de quem viveu e fez, NOVOS E BAIANOS é livro que merece leitura.

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