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07 janeiro 2024

Anjo do bem gênio do mal


ANJO DO BEM GÊNIO DO MAL é a autobiografia de quem, não apenas esteve nos bastidores, mas foi elemento fundamental para que boa parte de nosso cancioneiro tropicalista e rebelde dos anos 1970 acontecesse. Natural de Itabuna, sul da Bahia, Paulinho Lima esteve junto com Gal Costa, Glauber Rocha e demais baianos que fizeram o sudeste rever o conceito "nordestino". Por exemplo, ele trabalhou no antológico show "Barra 69", que Gilberto Gil e Caetano Veloso fizeram na Bahia antes de saírem para o exílio em Londres, e no icônico "Gal (Fatal) a todo vapor", que segurou o vigor contestatório tropicalista durante a ausência dos compositores, em decorrência da ditadura militar. Aliás, pelo que conta, Paulinho foi fundamental para formatar a imagem de Gal Costa. ANJO DO BEM GÊNIO DO MAL conta as dificuldades técnicas, os improvisos, os dribles na censura, o trabalho de transpor os shows para os discos. Interessante ler a atuação de pessoas como Luciano Figueiredo, Oscar Ramos, Duda Machado nesse momento decisivo. Entre muitos autoelogios, destacam-se os comentários feitos sobre o projeto pessoal de gravar discos de literatura lidos por artistas famosos. Gregório de Matos, Drummond, Clarice, Augusto dos Anjos, entre outros, foram lidos por Paulo Autran, Aracy Balabanian, Othon Bastos e outros artistas de teatro, pessoas do convívio de Paulinho desde a juventude em Salvador e Rio de Janeiro. Coautor da radiofônica "Perigo" (cujo verso dá título ao livro ANJO DO BEM GÊNIO DO MAL),  sucesso na voz de Zizi Possi, entre amizades e desafetos, Paulinho transitou e agiu em boa parte do cânone da canção popular brasileira da segunda metade do século XX.  E suas memórias guardam boas percepções desse contexto histórico.

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