Sons de 2017. UM. "As caravanas" é uma das canções mais emblemáticas
deste ano. Os versos "Não há barreira que retenha esses estranhos
suburbanos tipo muçulmanos do Jacarezinho a caminho do Jardim de Alá"
sintetizam tópicas urgentes de nossa atualidade, com o brilhantismo - "o
sol, a culpa deve ser do sol" - próprio de Chico Buarque: caravelas e
caravanas, refugiados e excluídos são sobrepostos tempoespacialmente.
Sem contar a beleza das camadas melódicas instrumentais e vocais:
rap e canção, violão e beatbox. Aquilo que se vê é tão terrível - "Tem
que bater, tem que matar engrossa a gritaria / Filha do medo, a raiva é
mãe da covardia" - que o sujeito da canção duvida e rejeita a visão:
"Doido sou eu que escuto vozes / Não há gente tão insana / Nem caravana
do Arará". Esse avesso do avesso diz bastante do nó em nós neste momento
descortês.
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