A voz de Seu Jorge permite a ele cantar o que desejar. Do estrondo do trovão ao sussurro, passando por diversos matizes timbrísticos, tudo cabe na voz de Seu Jorge. Do mesmo modo, mimeografando o passado e imprimindo futuros, os músicos da Nação Zumbi aprofundam a pesquisa de uma brasilidade braseira.
Para o projeto Seu Jorge e Almaz (2010), o cantor uniu sua potência vocal à tonelada rítmica de dois componentes do grupo Nação Zumbi - Pupillo e Lucio Maia -, além do conhecimento em trilhas sonoras de Antonio Pinto. O resultado é um disco forte: com sonoridades híbridas, volteios melódicos e surpresas.
Reciclando canções diversas - de Tim Maia a Rodney Temperton, passando por Jorge Ben e Dorival Caymmi -, o quarteto compôs um conjunto sonoro autoral: um som livre de fixações localistas porque universal, híbrido e misturado.
A lírica canção "Juízo final", de Nelson Cavaquinho e Élcio Soares, sem perder o cavaquinho, ganhou uma moldura melódica atômica, biônica e eletron-sansônica irradiando a mensagem do amor que será eterno novamente.
Aqui, longe da destruição apocalíptica, o juízo final traz a esperança do sol que brilhará. A produção do grupo Almaz investe em uma tempestade de sons eletronicamente modificados para adensar o canto do desejo do sujeito à espera de mudança.
É interessante analisar o núcleo duro da canção, ou seja, o verso "O amor será eterno novamente". Ele deixa entrever um tempo perdido gerador da sensação de nostalgia que atravessa a canção e mobiliza o sujeito. Ora, se o amor era eterno, por que deixou de sê-lo, já que o sujeito canta a restituição da eternidade?
Sol e luz, por algum motivo, favoreceram que a semente do mal germinasse. Ao final, o sujeito canta a cíclica luta entre bem e mal. Ele interfere no sistema cósmico encontrando no canto o remédio para o desassossego do instante: canta e quer ter olho para ver a maldade desaparecer. Como diz um soneto de Gregório de Matos: "Nasce o Sol, e não dura mais que um dia, / Depois da luz se segue a noite escura, / Em tristes sombras morre a formosura, / Em contínuas tristezas a alegria".
A performance vocal preguiçosa de Seu Jorge parece contrastar com o desejo do sujeito exposto. Porém, tal dicção pode ser lida como a tematização dos angonismos presentes na letra. Aliás, em Seu Jorge e Almaz o cantor investiu a mais não poder na sua dicção malandra, desleixada e, por isso, única. Em ritmo crônico, o sujeito da canção caminha rumor a além do horizonte, onde tropa de todos os baques existentes comporão com sons psicodélicos a luz do dia seguinte.
Enquanto isso, ele, o sujeito da canção, vai carregando o peso de suas tristezas, colocando-as na bagagem que abandonará quando o sol brilhar novamente. Eis o movimento eterno.
Reciclando canções diversas - de Tim Maia a Rodney Temperton, passando por Jorge Ben e Dorival Caymmi -, o quarteto compôs um conjunto sonoro autoral: um som livre de fixações localistas porque universal, híbrido e misturado.
A lírica canção "Juízo final", de Nelson Cavaquinho e Élcio Soares, sem perder o cavaquinho, ganhou uma moldura melódica atômica, biônica e eletron-sansônica irradiando a mensagem do amor que será eterno novamente.
Aqui, longe da destruição apocalíptica, o juízo final traz a esperança do sol que brilhará. A produção do grupo Almaz investe em uma tempestade de sons eletronicamente modificados para adensar o canto do desejo do sujeito à espera de mudança.
É interessante analisar o núcleo duro da canção, ou seja, o verso "O amor será eterno novamente". Ele deixa entrever um tempo perdido gerador da sensação de nostalgia que atravessa a canção e mobiliza o sujeito. Ora, se o amor era eterno, por que deixou de sê-lo, já que o sujeito canta a restituição da eternidade?
Sol e luz, por algum motivo, favoreceram que a semente do mal germinasse. Ao final, o sujeito canta a cíclica luta entre bem e mal. Ele interfere no sistema cósmico encontrando no canto o remédio para o desassossego do instante: canta e quer ter olho para ver a maldade desaparecer. Como diz um soneto de Gregório de Matos: "Nasce o Sol, e não dura mais que um dia, / Depois da luz se segue a noite escura, / Em tristes sombras morre a formosura, / Em contínuas tristezas a alegria".
A performance vocal preguiçosa de Seu Jorge parece contrastar com o desejo do sujeito exposto. Porém, tal dicção pode ser lida como a tematização dos angonismos presentes na letra. Aliás, em Seu Jorge e Almaz o cantor investiu a mais não poder na sua dicção malandra, desleixada e, por isso, única. Em ritmo crônico, o sujeito da canção caminha rumor a além do horizonte, onde tropa de todos os baques existentes comporão com sons psicodélicos a luz do dia seguinte.
Enquanto isso, ele, o sujeito da canção, vai carregando o peso de suas tristezas, colocando-as na bagagem que abandonará quando o sol brilhar novamente. Eis o movimento eterno.
***
Juízo final
(Nelson Cavaquinho / Élcio Soares)
O sol há de brilhar mais uma vez
A luz há de chegar aos corações
Do mal será queimada a semente
O amor será eterno novamente
É o Juízo Final, a história do bem e do mal
Quero ter olhos pra ver, a maldade desaparecer
O amor será eterno novamente
(Nelson Cavaquinho / Élcio Soares)
O sol há de brilhar mais uma vez
A luz há de chegar aos corações
Do mal será queimada a semente
O amor será eterno novamente
É o Juízo Final, a história do bem e do mal
Quero ter olhos pra ver, a maldade desaparecer
O amor será eterno novamente
Nenhum comentário:
Postar um comentário