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14 julho 2024

ABC do Sérgio Cabral


Certos historiadores guardam o privilégio de terem estado no momento histórico que historiografam e fazem da própria obra a historiografia precisa e o arquivo aberto dos acontecimentos. É o caso de Sérgio Cabral. Suas biografias, suas colunas, seus textos e livros de crítica de canção popular, mais do que registrar a história, assentam conhecimento e vivência. "Ele se tornou parceiro de compositores, amigo de músicos, diretor de espetáculos e produtor de discos. Esta proximidade gerou grande parte das histórias deste livro e foi o que certamente lhe garantiu escrevê-lo", diz Roberto Moura na quarta capa de ABC DO SÉRGIO CABRAL, volume de 1979 que traz "um desfile dos craques da MPB" - de "A de Alvaiade conta Portela" até "Z de Zé Kéti", passando por uma série de personalidades e entidades que compõem o espírito das ruas da cidade do Rio de Janeiro, matéria maior da obra de Sérgio Cabral. Dentre sua vasta produção, destaco ABC DO SÉRGIO CABRAL por seu texto precioso sobre Caninha (José Barbosa da Silva), segundo Cabral, "adversário cordial de Sinhô, Caninha dividiu com o Rei da Samba a honra de ser autor dos maiores sucessos populares da década de 1920". Quem mais escreveria sobre Caninha? E sobre Alvaiade? Sérgio Cabral tinha a generosidade de quem faz do arquivo de sua pesquisa um bem público, estimulando quem lê a pesquisar, a se interessar pelo narrado. Pode-se consultar o valioso arquivo físico de Cabral, mas e os causos, e a narração dos acontecimentos? Poucos sabem contar. Sérgio Cabral sabia.

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