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09 junho 2024

Tropicalista lenta luta


Desconheço se há um cancionista que melhor experimenta, inventa, cria e força os limites da canção do que Tom Zé. Desde o primeiro disco, quando escreveu "Eu sou a fúria quatrocentona de uma decadência perfumada com boas maneiras e não quero amarrar minha obra num passado de laço de fita com boemias seresteiras", até o mais recente disco Língua brasileira (2022), Tom Zé entrega a seus ouvintes verdadeiras teses verbivocoperformáticas sobre cultura, arte e vida no Brasil. Melodias e letras, vozes e instrumentações sempre a serviço do acesso aos nossos núcleos duros. Cancionista crítico, Tom Zé pensa como quem brinca, totemizando o Brasil, essa "Babel das línguas em pleno cio", como canta na canção que dá título ao urgente e estupendo ao disco. Por isso e muito mais, seu livro TROPICALISTA LENTA LUTA merece leitura atenta, lenta. Nele encontramos significantes fundamentais para compreender de modo crítico um dos momentos mais interessantes da nossa canção, uma canção que, sendo inventiva, transgressiva, se queria popular, "biscoito fino" para as massas. "Não cantar apagava a visualidade de Torquato, na fase em que se instaurava com mais força o cantor-imagem", escreve Tom Zé num dos textos recolhidos no livro.

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