21 julho 2024

Anos 70 ainda sob a tempestade


O livro ANOS 70: AINDA SOB A TEMPESTADE reúne os cinco volumes publicados separadamente por área - música, literatura, teatro, cinema e televisão - e escritos no calor e no temor da hora. Eram os anos cinzas do governo militar. Os textos publicados sob coordenação de Adauto Novaes diagnosticavam o estado das artes num contexto de invenção e resistência, desbunde e protesto. Aqui reunidos esses textos ajudam a perceber o que permaneceu, o que pereceu, mas, principalmente, os esforços de intelectuais e artistas que apostavam na crítica em momento de crise aguda. Censura e autocensura podem ser rastreadas em cada interpretação vertida agora em documento que nos ajuda a ler um contexto ético e estético ainda pouco entendido e analisado. "O tempo nos distanciou dos anos 70 para que pudéssemos ganhar o direito de falar deles mais livremente", escreve Adauto. Por motivo de trabalho e interesse de pesquisa acadêmica, os volumes "música" e "literatura" sempre estão à mão. Como ouvir canção do mesmo modo depois de ler no texto de José Miguel Wisnik que "no Brasil a tradição da música popular, pela sua inserção na sociedade e pela sua vitalidade, pela riqueza artesanal que está investida na sua teia de recados, pela sua capacidade de captar as transformações da vida urbano-industrial, não se oferece simplesmente como um campo dócil à dominação econômica da indústria cultural que se traduz numa linguagem estandardizada, nem à repressão da censura que se traduz num controle das formas de expressão política e sexual explícitas, e nem às outras pressões que se traduzem nas exigências do bom gosto acadêmico ou nas exigências de um engajamento estreitamente concebido"? Sem falar nos textos de Ana Maria Bahiana e Margarida Autran. É por isso e muito mais que ANOS 70: AINDA SOB A TEMPESTADE é livro de cabeceira.

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