Ana Maria Bahiana é dessas pessoas que viram germinar muito do que ainda hoje alimenta nossa cultura cancional. Com ouvidos livres e olhos atentos, Bahiana registrou shows, lançamentos de discos e acontecimentos que desestabilizaram e, ao mesmo tempo, formataram um certo ethos de nossa cultura, um ethos ancorado na experimentação, no risco, no inaugural, na profissionalização de nosso (quase) amadorismo. Alguns desses registros estão no livro NADA SERÁ COMO ANTES: MPB ANOS 70 - 30 ANOS DEPOIS. Fui reler o volume lançado em 2006 para um trabalho e novamente fiquei impactado com as miradas de Ana Maria junto com os artistas de uma década que se equilibrava entre o "princípio-esperança" e o "princípio-realidade". Quando o sonho acaba, urge re-sonhar! Os anos 1970 estilhaçaram certezas, abriram frestas. E o chamado "jornalismo cultural" teve papel fundamental no enfrentamento da censura, do mercado. A competência de Ana Maria de compreender a máxima do poeta Allen Ginsberg é evidente, a saber, “A poesia no sentido tradicional acabou. Ninguém se senta mais na poltrona da sala de estar para ler. O Rock é a nova poesia. É um retorno à poesia dos velhos tempos”. "Esse tal de Roque Enrow", como cantava Rita Lee em 1975 (no meio do redemoinho!), era o motor dessa juvenil sensibilidade à brasileira. E Ana Maria Bahiana estava lá e nos contou tudo com sabor. Destaca-se o diagnóstico perspicaz que a jornalista faz das obras de Rita Lee, de Cátia de França, de Sueli Costa, entre outras mulheres protagonistas re-orientadoras do ser e estar mulher na canção popular brasileira. NADA SERÁ COMO ANTES: MPB ANOS 70 - 30 ANOS DEPOIS, é crônica, é crítica, é prosa boa de ler.
Desde o Projeto 365 Canções (2010), o desafio é ser e estar à escuta dos cancionistas do Brasil, suas vocoperformances; e mergulhar nas experiências poéticas de seus sujeitos cancionais sirênicos.
18 junho 2023
Nada será como antes
Ana Maria Bahiana é dessas pessoas que viram germinar muito do que ainda hoje alimenta nossa cultura cancional. Com ouvidos livres e olhos atentos, Bahiana registrou shows, lançamentos de discos e acontecimentos que desestabilizaram e, ao mesmo tempo, formataram um certo ethos de nossa cultura, um ethos ancorado na experimentação, no risco, no inaugural, na profissionalização de nosso (quase) amadorismo. Alguns desses registros estão no livro NADA SERÁ COMO ANTES: MPB ANOS 70 - 30 ANOS DEPOIS. Fui reler o volume lançado em 2006 para um trabalho e novamente fiquei impactado com as miradas de Ana Maria junto com os artistas de uma década que se equilibrava entre o "princípio-esperança" e o "princípio-realidade". Quando o sonho acaba, urge re-sonhar! Os anos 1970 estilhaçaram certezas, abriram frestas. E o chamado "jornalismo cultural" teve papel fundamental no enfrentamento da censura, do mercado. A competência de Ana Maria de compreender a máxima do poeta Allen Ginsberg é evidente, a saber, “A poesia no sentido tradicional acabou. Ninguém se senta mais na poltrona da sala de estar para ler. O Rock é a nova poesia. É um retorno à poesia dos velhos tempos”. "Esse tal de Roque Enrow", como cantava Rita Lee em 1975 (no meio do redemoinho!), era o motor dessa juvenil sensibilidade à brasileira. E Ana Maria Bahiana estava lá e nos contou tudo com sabor. Destaca-se o diagnóstico perspicaz que a jornalista faz das obras de Rita Lee, de Cátia de França, de Sueli Costa, entre outras mulheres protagonistas re-orientadoras do ser e estar mulher na canção popular brasileira. NADA SERÁ COMO ANTES: MPB ANOS 70 - 30 ANOS DEPOIS, é crônica, é crítica, é prosa boa de ler.
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