Há livro que já nasce destinado a não sair do horizonte de quem pesquisa determinado tema. É o caso de DA DIFICULDADE DE NOMEAR A PRODUÇÃO DO PRESENTE, de Ieda Magri. Uma coletânea de textos da autora. Publicado anteriormente em revista acadêmica, o texto "A literatura como arte contemporânea" não sai de minha mesa de trabalho, tamanha a revisão conceitual e metodológica proposta. Assentado no livro, junto (em camaradagem) com outras miradas precisas, o texto de Ieda se expande. Leitora crítica de Ludmer, Garramuño, Rancière, Aira, Piglia, Bolaño, Kamenszain, Ieda Magri compartilha reflexões que giram em torno do prazer do texto - prazer que revolve a crítica e a teoria literária. "Talvez seja esse grão de entendimento o que alinhava os textos e põe em conversa os narradores e os críticos que aqui figuram, sem, no entanto, que este seja um livro sobre uma literatura que se quer crítica", escreve a autora na apresentação. Essa leveza calvina atravessa os textos de DA DIFICULDADE DE NOMEAR A PRODUÇÃO DO PRESENTE, título capcioso, pois, ao falar da dificuldade de nomear, nomeia, ou sugere, o presente enquanto "produção". E cada texto de Ieda rastreia isso, ou seja, o contato entre experiência e repetição, com todos os miasmas da modernidade que se impõem no fugidio agora, de uma "estética contemporânea que aposta no não feito". Há algo mais leve do que definir "poética" enquanto "exercício de uma crença do que seja a literatura e do papel que cada escritor tem na série literária, consciente da posição que quer ocupar"? A eficácia da definição breve só se realiza porque elaborada por mãos hábeis na crítica e na escrita literária, marca de Ieda Magri. E "não se trata de simplificar, mas de devolver a complexidade", ela escreve. Por essas e outras, DA DIFICULDADE DE NOMEAR A PRODUÇÃO DO PRESENTE é livro para deixar sobre a mesa, ler, reler, consultar, citar, levar para a sala de aula.
Desde o Projeto 365 Canções (2010), o desafio é ser e estar à escuta dos cancionistas do Brasil, suas vocoperformances; e mergulhar nas experiências poéticas de seus sujeitos cancionais sirênicos.
17 dezembro 2023
Da dificuldade de nomear a produção do presente
Há livro que já nasce destinado a não sair do horizonte de quem pesquisa determinado tema. É o caso de DA DIFICULDADE DE NOMEAR A PRODUÇÃO DO PRESENTE, de Ieda Magri. Uma coletânea de textos da autora. Publicado anteriormente em revista acadêmica, o texto "A literatura como arte contemporânea" não sai de minha mesa de trabalho, tamanha a revisão conceitual e metodológica proposta. Assentado no livro, junto (em camaradagem) com outras miradas precisas, o texto de Ieda se expande. Leitora crítica de Ludmer, Garramuño, Rancière, Aira, Piglia, Bolaño, Kamenszain, Ieda Magri compartilha reflexões que giram em torno do prazer do texto - prazer que revolve a crítica e a teoria literária. "Talvez seja esse grão de entendimento o que alinhava os textos e põe em conversa os narradores e os críticos que aqui figuram, sem, no entanto, que este seja um livro sobre uma literatura que se quer crítica", escreve a autora na apresentação. Essa leveza calvina atravessa os textos de DA DIFICULDADE DE NOMEAR A PRODUÇÃO DO PRESENTE, título capcioso, pois, ao falar da dificuldade de nomear, nomeia, ou sugere, o presente enquanto "produção". E cada texto de Ieda rastreia isso, ou seja, o contato entre experiência e repetição, com todos os miasmas da modernidade que se impõem no fugidio agora, de uma "estética contemporânea que aposta no não feito". Há algo mais leve do que definir "poética" enquanto "exercício de uma crença do que seja a literatura e do papel que cada escritor tem na série literária, consciente da posição que quer ocupar"? A eficácia da definição breve só se realiza porque elaborada por mãos hábeis na crítica e na escrita literária, marca de Ieda Magri. E "não se trata de simplificar, mas de devolver a complexidade", ela escreve. Por essas e outras, DA DIFICULDADE DE NOMEAR A PRODUÇÃO DO PRESENTE é livro para deixar sobre a mesa, ler, reler, consultar, citar, levar para a sala de aula.
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