Desde o Projeto 365 Canções (2010), o desafio é ser e estar à escuta dos cancionistas do Brasil, suas vocoperformances; e mergulhar nas experiências poéticas de seus sujeitos cancionais sirênicos.
21 maio 2023
Rita Lee mora ao lado
Desde que Rita Lee foi voar num disco voador com David Bowie proliferam-se nas redes frases como "ela era feminista sem ser feminista", tanto para deslegitimar a militância, quanto para reforçar a pecha de "alienada" da artista. Esquece-se que, no Brasil, desbundar é militar, é subverter. Em algumas entrevistas Rita Lee falava em "feminismo de ação", ou seja, sem negar a militância intelectualizada, ela militava com gestos transgressores que confrontavam o nosso ethos machista opressor. Nada mais feminista, em se tratando de uma cultura com "diferentes feminismos", como dignostica a professora Eurídice Figueiredo no livro "Por uma crítica feminista". Sendo "uma biografia alucinada da rainha do rock", o livro RITA LEE MORA AO LADO, de Henrique Bartsch, traduz bem essa persona artístico-política. O autor coloca em prática a lição de Maiakóvski, a saber, "tirando os monumentos do pedestal, devastando-os e virando, nós mostramos aos leitores os Grandes por um lado completamente desconhecido e não estudado". Nas palavras da biografada, Bartsch apresenta "um tratado arqueológico de minha vidinha vulgar, o encontro de vários elos perdidos, Peter Pan na terra de Oz do Sítio do Picapau Amarelo. Uma viagem lisérgica sem tomar ácido algum". Não sendo uma biografia o livro RITA LEE MORA AO LADO biografa, ao devastar o monumento que Rita Lee nunca quis ser. Mas é!
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